quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Criança e adultos com autismo que batem em si mesmo.

Quando crianças e adultos com autismo batem em si mesmos ou nos outros, pode ser que eles estejam sentindo alguma dor ou desconforto e estejam tentando se livrar da dor através deste ato de se bater ou bater nos outros?
É possível. Em geral, há 3 razões para uma criança ou adulto com autismo se bater ou bater nos outros. A primeira razão é o que chamamos de “apertar os botões”. Isto significa que a pessoa está batendo para ganhar alguma reação de alguma pessoa em seu ambiente. É uma maneira de se adquirir mais controle de seu ambiente, provocando uma reação que já é conhecida e esperada. Se uma criança ou adulto que deseja ter uma sensação maior de controle em sua vida sabe que, ao bater nela mesma em outra pessoa, ela conseguirá que a mãe, pai ou qualquer outra pessoa ofereça a ela uma intensa reação, mesmo que seja uma reação de desaprovação, ela continuará investindo nesta estratégia para ganhar a atenção e forte reação. Lembre-se que esta pessoa está fazendo o melhor que pode com as habilidades que possui! A melhor maneira de se responder a este comportamento é manter-se calmo e restringir suas ações ao mínimo. Portanto, se você precisa proteger uma outra criança ou a si mesmo das agressões físicas da pessoa com autismo, procure fazer isto da forma mais calma possível, com uma reação mínima, ao invés de uma atitude dramática carregada de um tom emotivo intenso e negativo. Desta forma, sua resposta será menos atraente e interessante para uma pessoa que está tentando apertar os seus botões e conseguir uma reação sua. Você pode então oferecer grandes reações para celebrar aqueles comportamentos mais gentis e cuidadosos da pessoa com autismo.

Uma outra razão para a pessoa se bater ou bater nos outros pode ser a tentativa de auto-regulação sensorial ou de energia física. Se uma pessoa com autismo apresenta repentinas “explosões” de energia ou de sensações em seu corpo, ela pode achar que irá conseguir regular/ajustar seu corpo se bater em si mesmo ou em outra pessoa. Se este for o caso com a criança ou adulto, mantenha-se calmo e, com a permissão da pessoa com autismo, ofereça massagens variadas e diferentes estímulos tácteis. Por exemplo, se ela estiver batendo em sua própria cabeça, ofereça um toque com pressão em sua cabeça, etc. Recomendamos que os familiares procurem se informar sobre dietas especiais, exames e protocolos específicos para auxiliar pessoas com autismo na área biológica.

Uma terceira razão pela qual a pessoa pode bater em si ou nos outros pode ser a tentativa de comunicação. Talvez a pessoa esteja tentando comunicar algo como: “saia de perto de mim”, “ me dê o objeto agora”, ou simplesmente “não!”. Se você acha que sabe o que a pessoa quer, por exemplo dizer “não” para uma atividade, ofereça para a pessoa uma forma de comunicação alternativa ao bater. Por exemplo, você diria: “você pode dizer ‘não’ se você não quer que eu cante.” Você poderia então começar a cantar algumas poucas palavras, modelar você mesmo a palavra “não”, e parar de cantar imediatamente após sua palavra “não”. Se a pessoa continuar prestando atenção e você sentir que ela está aberta para suas contribuições, você pode recomeçar a cantar calmamente e baixinho, daí fazer uma pausa e perguntar “Não?”, oferecendo para a pessoa a oportunidade de dizer “não” ao invés de bater. É importante perceber se, antes de partir para a ação de bater, a pessoa vinha tentando comunicar a você ou a outra pessoa que ela NÃO queria algo mas só foi atendida quando começou a bater? Se este for o caso, a pessoa está aprendendo que o ato de bater é uma poderosa e útil forma de se comunicar. Para evitar que a pessoa utilize este tipo de estratégia de comunicação, responda às comunicações que são precursoras ao ato de bater para que a pessoa não precise intensificar a comunicação e chegar a bater para ser entendida.

Algumas vezes, as três razões para bater em si mesmo ou nos outros misturam-se ou alternam-se em um mesmo evento. Por isso, talvez você precise modificar a sua resposta de acordo com a criança ou adulto em questão e o momento específico de cada evento.



Fonte: Pesquisa em sites de autismo